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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Pokémon Go: as primeiras horas de um Pokémon Trainer


Eu, você, o vizinho catarrento, a garota que falava que era coisa de criança até semana passada, o meu chefe, a minha dentista (todos exemplos reais): ninguém está a salvo. Depois de mais de dois meses de espera, o Brasil foi invadido pelos monstros de bolso pra fazer nossa vida mais divertida, a Niantic cada vez mais rica, e a Nintendo... nem tão rica assim.

Ok, mas e daí? 

Todo mundo já sabe de cor como funciona, os principais macetes, como capturar os bichinhos, o esquemas das equipes (AQUI É TEAM MYSTIC, POAH) e etc. Falar disso aqui seria chover no molhado. Contudo, quais as implicações e os méritos verdadeiros do novo joguinho dos monstros de bolso para os smartphones?

Aqui vai um relato de quem gastou umas boas horas da vida caçando bichinhos e criando bolhas nos pés de tanto andar por aí (literalmente).

Gotta catch 'em all!



O que é Pokémon, afinal, sem a mecânica de capturar os monstros? Aliás, como você chama um Eevee de monstro? Enfim, à primeira vista o game parece ser algo muito besta: você anda e, de forma quase aleatória, um Pokémon aparece. Qualquer outra coisa que fosse não teria o mesmo apelo, mas a Niantic soube mexer com o emocional da galera, e esse é o trunfo do jogo: apelar para a nostalgia.

Aproveitei o caminho até a faculdade (que, no jogo, se tornou um ginásio) para testar o game em seus primeiros minutos de lançamento. Não demorou muito e estavam brotando as estatísticas de um Scyther na tela. Eu era a criança de dez anos mais orgulhosa do mundo naquele instante, apesar de ter 27 anos. E não foi "simplesmente" capturar aquele Scyther: foi, por alguns momentos, me desconectar dos problemas do cotidiano e regressar ao tempo em que a minha maior preocupação era saber se o Ash iria vencer a Liga Pokémon.

"Não se torna um mestre pokémon sem quebrar alguns ovos"



Que é necessário que o jogador saia andando por aí para evoluir no jogo, todo mundo já sabe - e, permitam-me dizer, que mau-caráter é aquele jogador que tem condição de sair, mas usa bot de PC por pura e simples preguiça ou para ter vantagem sobre os outros. Esse cara não entendeu o espírito da coisa.

Andar é fundamental não só pela captura, mas também para chocar os ovos de Pokémon, conseguidos nas Pokéstops. Esse é outro momento muito bacana do jogo, por ele recompensar todo seu esforço de gastar tempo, energia e sola de sapato por aí. Assim, ganhei meu primeiro Charmander (desculpa, galera, mas meu inicial favorito eternamente será o Squirtle).

Jogando com a massa!



Tudo que comentei anteriormente parece muito legal, mas não dá pra manter o jogo só com isso. Afinal, nostalgia é um remédio pra realidade que se deve tomar em doses homeopáticas. Retire isso do jogo e ele se torna uma mecânica repetitiva de "ande, pegue e lute".

O que faz Pokémon Go ser realmente legal e aumentar muito seu fator replay é a capacidade de interação social dele.

Eram 20h30 e resolvi passar no parque que fica no centro da cidade pra me reabastecer. Lá está forrado de Pokéstops. Era pra ser algo rápido, até aparecer um amistoso Krabby e eu notar mais gente atrás dos Pokémon por ali. Quando dei por mim, já passava das 22h e éramos um bando de mais de 30 pessoas atrás de criaturas que só existem virtualmente, na tela do celular.

Parece ridículo descrevendo assim, mas ali estavam mais de 30 indivíduos que tive a oportunidade de conhecer, com interesses em comum e, se não fosse por Pokémon Go, a probabilidade de conhecê-las em outra ocasião seria nula.

Hoje já vejo pessoas criando eventos no Facebook para se reunir e caçar Pokémon, provavelmente disputar ginásios e, acima de tudo, se divertir. Posso apontar aqui que esse jogo é uma social media em potencial.

Prepare-se para a encrenca!



É, amigos... Como nem tudo nessa vida é um mar de rosas, parte da diversão foi meio que "podada" pela Equipe Rocket, que não soube brincar e apelou para os bots na tentativa de "sair na frente" na caçada. Por conta disso, os ginásios estão todos tomados por eles. 

Então se você encontrar um Gyarados ou um Dragonite superpoderoso naquele ginásio perto da sua casa, não fique triste ou se achando incompetente. Ali está um membro trapaceiro da Equipe Rocket, que não soube brincar e quis bancar o esperto ao invés de esperar e se divertir no momento certo, como todo treinador honesto.

E agora, treinador?




Não acho que haverá tantos mestres Pokémon dentro de alguns meses. Muitos dos jogadores atuais estão no embalo do hype e, ao se darem conta da mecânica do jogo, o abandonarão quase que por completo, retornando aqui e ali somente para capturar aquele monstrinho que falta na Pokédex. Talvez o game reacenda no lançamento das próximas gerações, mas sempre com o mesmo efeito "montanha russa".

Os que se mantiverem fiéis terão não apenas um jogo bacana, mas um novo fator social, uma desculpa pra sair por aí com a galera: ser um mestre Pokémon!

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