Eu, você, o vizinho
catarrento, a garota que falava que era coisa de criança até semana passada, o
meu chefe, a minha dentista (todos exemplos reais): ninguém está a salvo.
Depois de mais de dois meses de espera, o Brasil foi invadido pelos monstros de
bolso pra fazer nossa vida mais divertida, a Niantic cada vez mais rica, e a
Nintendo... nem tão rica assim.
Ok, mas e daí?
Todo mundo já sabe de cor como funciona, os principais macetes, como capturar os bichinhos, o esquemas das equipes (AQUI É TEAM MYSTIC, POAH) e etc. Falar disso aqui seria chover no molhado. Contudo, quais as implicações e os méritos verdadeiros do novo joguinho dos monstros de bolso para os smartphones?
Todo mundo já sabe de cor como funciona, os principais macetes, como capturar os bichinhos, o esquemas das equipes (AQUI É TEAM MYSTIC, POAH) e etc. Falar disso aqui seria chover no molhado. Contudo, quais as implicações e os méritos verdadeiros do novo joguinho dos monstros de bolso para os smartphones?
Aqui vai um relato de quem
gastou umas boas horas da vida caçando bichinhos e criando bolhas nos pés de
tanto andar por aí (literalmente).
Gotta catch 'em all!
O que é Pokémon, afinal, sem a
mecânica de capturar os monstros? Aliás, como você chama um Eevee de monstro?
Enfim, à primeira vista o game parece ser algo muito besta: você anda e, de forma quase
aleatória, um Pokémon aparece. Qualquer outra coisa que fosse não teria o
mesmo apelo, mas a Niantic soube mexer com o emocional da galera, e esse é o
trunfo do jogo: apelar para a nostalgia.
Aproveitei o caminho até a
faculdade (que, no jogo, se tornou um ginásio) para testar o game em seus
primeiros minutos de lançamento. Não demorou muito e estavam brotando as
estatísticas de um Scyther na tela. Eu era a criança de dez anos mais orgulhosa
do mundo naquele instante, apesar de ter 27 anos. E não foi "simplesmente" capturar aquele Scyther: foi, por alguns momentos, me desconectar dos problemas do cotidiano e
regressar ao tempo em que a minha maior preocupação era saber se o Ash iria vencer a
Liga Pokémon.
"Não se torna um mestre pokémon sem quebrar alguns ovos"
Que é necessário que o jogador
saia andando por aí para evoluir no jogo, todo mundo já sabe - e, permitam-me
dizer, que mau-caráter é aquele jogador que tem condição de sair, mas usa bot de PC por pura e simples preguiça ou para ter vantagem sobre os outros. Esse cara não entendeu o espírito da coisa.
Andar é fundamental não só
pela captura, mas também para chocar os ovos de Pokémon, conseguidos nas Pokéstops.
Esse é outro momento muito bacana do jogo, por ele recompensar todo seu esforço
de gastar tempo, energia e sola de sapato por aí. Assim, ganhei meu primeiro
Charmander (desculpa, galera, mas meu inicial favorito eternamente será o
Squirtle).
Jogando com a massa!
Tudo que comentei
anteriormente parece muito legal, mas não dá pra manter o jogo só com isso.
Afinal, nostalgia é um remédio pra realidade que se deve tomar em doses
homeopáticas. Retire isso do jogo e ele se torna uma mecânica repetitiva de "ande, pegue e lute".
O que faz Pokémon Go ser realmente legal e aumentar muito seu fator replay é a capacidade de interação
social dele.
Eram 20h30 e resolvi passar
no parque que fica no centro da cidade pra me reabastecer. Lá está forrado de Pokéstops. Era pra ser algo rápido, até
aparecer um amistoso Krabby e eu notar mais gente atrás dos Pokémon por ali.
Quando dei por mim, já passava das 22h e
éramos um bando de mais de 30 pessoas atrás de criaturas que só existem
virtualmente, na tela do celular.
Parece ridículo descrevendo
assim, mas ali estavam mais de 30 indivíduos que tive a oportunidade de conhecer, com
interesses em comum e, se não fosse por Pokémon Go, a probabilidade de conhecê-las
em outra ocasião seria nula.
Hoje já vejo pessoas criando
eventos no Facebook para se reunir e caçar Pokémon, provavelmente disputar
ginásios e, acima de tudo, se divertir. Posso apontar aqui que esse jogo é uma
social media em potencial.
Prepare-se para a encrenca!
É, amigos... Como nem tudo
nessa vida é um mar de rosas, parte da diversão foi meio que "podada" pela Equipe
Rocket, que não soube brincar e apelou para os bots na tentativa de "sair
na frente" na caçada. Por conta disso, os ginásios estão todos tomados
por eles.
Então se você encontrar um Gyarados ou um Dragonite superpoderoso
naquele ginásio perto da sua casa, não fique triste ou se achando incompetente. Ali
está um membro trapaceiro da Equipe Rocket, que não soube brincar e quis bancar
o esperto ao invés de esperar e se divertir no momento certo, como todo
treinador honesto.
E agora, treinador?
Não acho que haverá tantos
mestres Pokémon dentro de alguns meses. Muitos dos jogadores atuais estão no
embalo do hype e, ao se darem conta da mecânica do jogo, o abandonarão
quase que por completo, retornando aqui e ali somente para capturar aquele monstrinho que falta na Pokédex. Talvez
o game reacenda no lançamento das próximas gerações, mas sempre com o mesmo efeito "montanha russa".
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